Os Taipa Nova Vida

Pedro Henrique Gomes da Paz

Jornalista Técnico-administrativo em Educação (TAE) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), doutorando em Antropologia pelo Programa de Pós-graduação em Antropologia (PPGA) da UFPB, mestre em Jornalismo pelo Programa de Pós-graduação em Jornalismo (PPJ) da UFPB e bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Apresentação: No segundo semestre de 2021, fui responsável pela apuração e pela divulgação de duas importantes pesquisas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), enquanto jornalista da instituição. Uma do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, que aponta que remodelações e adaptações em habitações sociais, em João Pessoa, comprometem o conforto térmico e a saúde dos moradores. A outra, do Programa de Pós-graduação em Energias Renováveis, que constatou que o aumento da temperatura média do ar na Paraíba foi de 1ºC nos últimos 30 anos. Hoje, é de 25,3 °C. Esse crescimento foi observado nas quatro Regiões geográficas intermediárias do Estado (João Pessoa, Campina Grande, Patos e Sousa-Cajazeiras). Fundamentado nesses achados, submeti proposta de reportagem especial no âmbito de edital do Instituto ClimaInfo, que ofereceu bolsas-auxílio para produção de reportagens sobre emergência climática no Nordeste brasileiro, por meio do apoio financeiro do Instrumento de Parceria da União Europeia com o Ministério Federal Alemão para o Meio Ambiente, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear (BMU), no contexto da Iniciativa Climática Internacional (IKI). Fui um dos 12 jornalistas selecionados e executei o projeto no Residencial Taipa Nova Vida, no bairro Costa e Silva, na Zona Sul de João Pessoa, na entrada da capital paraibana, para quem vem do Recife, em Pernambuco. Caminhando pelas vias da comunidade, me deparei com Irenalda Figueiredo de Lira, uma mulher negra de 47 anos que mora há dez anos no Apartamento 4 do Bloco 2, um dos primeiros andares localizados na Rua Bibliotecária Maria Leite Ivonete de Figueiredo. Com suor escorrendo sobre a testa e vestida com roupas leves e coloridas, do tipo camiseta regata, calção curto e chinelo, me mostrou o quanto o calor compromete o conforto, a saúde e a renda dos moradores, enquanto outros esperam por moradia em ocupações insalubres na região. O atual Plano Diretor de João Pessoa, de 1992, tem defasagem de 30 anos. A primeira revisão efetiva está em andamento há um ano e meio e na iminência de ser apreciada pela Câmara de Vereadores. Historicamente, o processo de urbanização na cidade, assim como em qualquer outro centro urbano capitalista de um país emergente como o Brasil, é seletivo, desigual e excludente. O perfil da população não se reflete nas tipologias das habitações. Geralmente são monofuncionais, com predominância do uso residencial. Por isso são comuns puxadinhos para aumentar a moradia ou abrir comercio. A alguns dias das eleições majoritárias no país, as propostas para a questão da habitação popular ou não existem ou são genéricas por parte dos principais presidenciáveis.

Ano de produção: 2021

Ficha técnica: Local: João Pessoa (PB). Ano: 2022 .Contexto de produção/pesquisa: Produção de reportagem especial para o Instituto ClimaInfo. Câmera: Poco F3.

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