Secos e Molhados: fotoetnografia dos feirantes no mercado público de Rio Tinto

Deise Marques

Jornalista, estudante de Antropologia no Campus IV da UFPB.

Apresentação: Na pesquisa de campo antropológica moderna a fotografia não é vista apenas como um meio de documentação e registro. A etnografia visual, ou fotoetnografia, age como “mediadora e interventora”1 – o que requer sérios cuidados éticos em todo o processo (coleta, criação de coleções, exposição e circulação). Este ensaio é um experimento de observação, análise e descrição visual dos aspectos dessa mediação e intervenção entre o saber local e o conhecimento produzido pela própria pesquisa fotoetnográfica, sob a perspectiva da etnografia como “experiência, prática e totalidade”2. Assim, busca-se compreender os conceitos da Teoria Interpretativa e da Pesquisa Fotoetnografia como “contribuição teórica e não apenas como método”3. Rio Tinto é hoje um município ‘universitário’ paraibano com quase 25 mil habitantes, grande parte rural, e está entre os piores IDHs (Ïndice de Desenvolvimento Humano) do País. A feira livre da madrugada é um dos seus traços peculiares, um ambiente intenso sensorialmente e repleto de possibilidades de trocas de saberes. Nela, comercializa-se desde animais vivos ou mortos, passando pelos produtos chamados de “secos e molhados”, até mercadorias gerais e diversificadas das tradicionais feiras nordestinas. O público de feirantes e consumidores compreende toda a região do Vale do Mamanguape e o território Potyguara. A ideia de um ensaio fotográfico surgiu logo que conheci (e estranhei) a feira, em 2020, em plena época da pandemia Covid 19. Contudo, a pesquisa somente foi desenvolvida no contexto de uma necessidade acadêmica, como resultado de uma avaliação para uma das disciplinas do meu curso de graduação em Antropologia (UFPB), em setembro de 2021, com orientação da professora Luciana Oliveira. Eu morei na cidade de Rio Tinto de março de 2020 a outubro de 2021. Portanto, eu já estava familiarizada com o local onde eu fazia a feira, como cliente. Foi a proximidade com uma vendedora de camarão que abriu as portas simbólicas do mercado no qual pude experimentar a ação interventora e mediadora do rico processo. Oxalá neste diminuto corpus significativo seja possível identificar nuances da “dialética entre experiência e interpretação”4. Para refletir: Qual é a dinâmica imagética organizacional desses feirantes? Qual é a interferência da pesquisa de campo fotográfica na organização? Notas referenciais: 1- Mendonça, J.M.B. 2- Magnani, J. 3- Geertz,C; Peirano, M.;Achutti, L. 4- Clifford, J.

Ano de produção: 2021.

Ficha Técnica: Local Mercado Público do município de Rio Tinto, Paraíba. Data: Sábado, 4 de setembro de 2021. Tema: Secos e molhados: fotoetnografia dos feirantes no mercado público de Rio Tinto-PB.

Um comentário em “Secos e Molhados: fotoetnografia dos feirantes no mercado público de Rio Tinto

  1. Muito interessante! Só gostaria de conhecer os depoimentos e relatos dos envolvidos: documentarista e depoentes, sobre ” as portas simbólicas”; uma maneira de adentrarmos…

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