Bocas: Pandemia, Miramar

Yuri Agostinho de Lima (Rhudá)

Artista visual, performer e intérprete, utiliza recursos poéticos, performáticos e sonoros em suas apresentações, sua arte também leva a influência do afro-futurismo e as tradições neo-ameríndias, também procura diferentes formas no fazer artístico sem que perca a essência de suas forças analógicas, táteis e orgânicas. Ele é natural de Corumbá – MS e reside em João Pessoa – PB desde os quatro anos de idade. Fotógrafo desde 2017, procura retratar o cotidiano nas suas investidas e investigações imagéticas e oscila entre a produção com câmeras analógicas, celulares e digitais. Cursando Antropologia na UFPB desde 2022.

Apresentação: Vencedor da LAB I, no edital Amelinha Theorga na categoria de fotografia, resume-se aqui todo o trabalho que contém trinta imagens. Trata-se sobre o mergulho evidenciando a população e o bairro do Miramar em João Pessoa, abarcando assim seus personagens principais e a ilustríssima presença de uma das fundadoras (Dona Maria Bigode). O projeto custou-me apenas um aparelho móvel e motivações para fotografar o bairro, conhecendo assim as pessoas que são importante e peças fundamentais para a manutenção do bairro, tanto em trabalho, quanto em sua forma.

Tudo começa com a apresentação política do ideal de dissociação do bairro com sua elite, geralmente temos a noção de que o bairro do miramar é um bairro apenas der classe média alta, mas ao nos depararmos com a comunidade São Rafael que se coloca nas margens do rio Jaguaribe, nesse pedaço da cidade, encontramos uma vasta e bonita história. Tudo se recria nas imagens populares, desde as almas devastadas pelo alcoolismo, até passar pela Dona Maria Bigode, que por sua vez é a moradora viva mais antiga do bairro e uma de suas fundadoras. Dona Maria Bigode em entrevista visual relata como foi o processo de criação do bairro do Miramar, desde o assentamento na Beira Rio com madeiras “roubadas” do conjunto João Agripino, que também estava sendo construído, até mesmo a criação da pista da Beira-Rio. A narrativa cultiva também pontos específicos do bairro, passando pelo Mercado Público do Miramar, até mesmo pessoas que convivem com o fluxo e que estavam sãs durante a pandemia. Olhares de arrependimento são incluídos nessas fotografias, como pessoas que não tiveram redenção social. Parte-se também da ótica do trabalho em seu conjunto de ideias, mãos e bocas em interlúdio no que poderíamos chamar de uma ótica não convencional do bairro.

Ano de produção:

Todas as fotos foram feitas pelo autor através de um telefone móvel e editadas no mesmo, em João Pessoa.

FOTO 1 – Rhudá, 2020, nome da obra: De Zé, sete penhascos. Miramar, Parahyba.

FOTO 2 – Rhudá, 2020, nome da obra: Quem tem pão e vinho, tem medo. Miramar, Parahyba.

FOTO 3 – Rhudá, 2020, nome da obra: Maria Bigode e o cronal. Miramar, Parahyba.

FOTO 4 -Rhudá, 2020, nome da obra: Antes de ser levado. Miramar, Parahyba.

FOTO 5 – Rhudá, 2020, nome da obra: Cálidas mãos sem ego. Miramar, Parahyba.

FOTO 6- Rhudá, 2020, nome da obra: Alcoologia do remorso. Miramar, Parahyba.

FOTO 7 – Rhudá, 2020, nome da obra: Facas de sílex não servem mais. Miramar, Parahyba.

FOTO 8 – Rhudá, 2020, nome da obra: Banhos de cem calçadas. Miramar, Parahyba.

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